FERNANDO OU O CINTO ACUSADOR

PROJETO BRASIL EM CENA - 200 ANOS DE TEATRO
Com 20 anos de atuação formando talentos para os nossos palcos, a CAL - CASA DAS ARTES DE LARANJEIRAS apresenta o Projeto BRASIL EM CENA - 200 ANOS DE TEATRO, que tem por objetivo valorizar a dramaturgia brasileira e oferecer à população em geral, e mais especificamente aos jovens, a rara oportunidade de conhecê-la, difundindo parte da nossa história através da arte e da cultura. O Projeto consiste na realização de seis espetáculos teatrais, apresentando um panorama de gêneros e estilos que percorreram o teatro brasileiro da primeira metade do século XIX até a segunda metade do século XX.
BRASIL EM CENA vai dar vida a personagens que refletem o caldeirão de raças e culturas que formaram o povo brasileiro.
Além da difusão da cultura brasileira através do teatro, o Projeto proporcionará a consolidação da formação artístico­-profissional de, aproximadamente, 100 jovens atores que serão dirigidos por seis diretores de grande reconhecimento de nossos cenário artístico.

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É um drama de Martins Pena. Sim, ele, nosso primeiro e grande comediógrafo, escreveu também dramas. Também ele escreveu teatro sério, importante, socialmente reconhecido como o primeiro escalão das artes cênicas, ao contrário das comédias que lhe fizeram a fama, sempre montadas como complemento de espetáculo, corno a sobremesa do prato principal, certamente um drama respeitável. E Martins Pena tentou seguir os modelos existentes, com os personagens tirados da nobreza, enredos mirabolantes e cheios de carga emotiva. Nossa sorte é que ele não pode trair a si mesmo, e escreveu uma obra que transcende as divisões de gênero, uma obra impregnada de seu gênio, nas suas falas bem construídas, no humor que brota irresistível nas situações mais dramáticas, como na tentativa de roubo do corpo da protagonista, supostamente morta.
No nosso trabalho, aceitamos de bom grado e coração amoroso Martins Pena como um colega próximo, criativo e exigente. A preocupação maior não é ser fiel ao pé da letra, mas sim ao espírito e à inteligência do autor, buscando uma correspondência cênica a essas qualidades inegáveis do nosso autor. Nossa liberdade é respeito, nossas interferências, inspiradas na criatividade e humor desse dramaturgo ímpar na história do teatro brasileiro, cuja obra, incluindo ainda seus folhetins críticos, deixa ver um homem de olhos bem abertos e lúcidos, que agiu dentro dos limites possíveis do tempo, e cujo desconhecimento aponta para nossa pobreza intelectual e para a distância que nos encontramos de sua inteligência e capacidade crítica.

Moacir Chaves