Nelson Rodrigues se dedicou a enxergar pessoas. Olhou com o mesmo ímpeto suas perversidades e seu mais puro amor.
Pudor é um espetáculo que através da poesia cruel de Álbum de Família, da leveza crítica de Viúva, Porém Honesta, e da atmosfera pulsante de tantas outras peças de Nelson – como Dorotéia e Senhora dos Afogados – coloca em cheque a profundeza de mandamentos culturais, tão entranhados em nós quanto o próprio suor.
Nos propomos aqui à encarar o universo dos perversos polimorfos, personagens que vão até as últimas consequências de seus atos, e que, na agonia de não se expor, e de não conseguir deixar de se expor, expõem assim, o seu próprio ridículo.
Baseado então nessas pulsões de vida e de morte, que permanecem latentes através das décadas, pedimos que encontrem a sua própria humanidade, e por favor,
Por favor,
Piedade do nosso Pudor