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2018.2 Bacharelado de Teatro Formatura BT24b

ROBERTO ZUCCO

Texto Bernard-Marie Koltès 

Direção Renato Icarahy

out/nov 2018

Espaço Sergio Britto
Unidade CAL Glória
Rua Santo Amaro 44

ROBERTO ZUCCO foi o texto escolhido por Renato Icarahy para o espetáculo de formatura da Turma Bt24B.

A década de 80 é marcada por grandes transformações e é neste contexto que o francês Bernard-Marie Koltès, viveu em vida tudo que experimentou na arte. Com seu espírito livre, inquieto e transformador, ele viajou pelo mundo, passando por Nova Iorque, vários países na África e América do Sul, entre outros lugares. Koltès sempre demonstrou preferência pelos marginalizados e excluídos da sociedade, e escrevia isso nos seus textos de forma poética e metafórica. No final dos anos 80 ele viveu seus últimos dias e foi nesse período que teve seu primeiro encontro com o serial-killer italiano Roberto Succo, ao ver em uma estação de metrô o rosto de Succo estampado em um cartaz de “PROCURA-SE”, sem o nome do procurado, que a polícia francesa ainda não conhecia. Koltès ficou fascinado pela beleza daquele rosto enigmático, anônimo, na estação de metrô. Este fascínio o impulsionou a escrever Roberto Zucco, que, a partir de fatos verídicos, mas sem preocupação com fidelidade histórica, reinventa a trajetória do serial-killer italiano. Assim, um assassino psicótico se torna objeto mítico, metáfora das “violências” no nosso mundo. A violência das grades e grilhões criados e impostos pela sociedade; a violência nas prisões; a violência de nossas solidões que nos acompanha desde que nascemos. Koltès não viu a primeira montagem (pelo alemão Peter Stein, em Berlim) de sua peça-testamento, pois morreu de AIDS em 1989 e carregou em segredo o estigma de ser ele próprio, mesmo involuntariamente, um serial-killer, potencial transmissor que foi da peste de seu tempo. Seu desejo teria sido a “arma” dos crimes. A família de Succo, mesmo depois da sua morte, solicitou judicialmente a proibição da peça que iria ser exibida na cidade de uma das suas vítimas, sob a alegação de “apologia ao crime”. Nesta montagem, gostaríamos de passar longe disso. Aqui Zucco é o anti-herói, vítima da indiferença e egoísmo. Zucco quer ser transparente, invisível. Quer camuflar-se no anonimato, mas sua presença jamais é ignorada e ele sempre acaba por destacar-se sobre esse pano de fundo social sem rosto e ameaçador. Por isso ele mata, mas percebe que teria que matar a todos para chegar enfim ao seu intento maior – o de ser invisível. Assim como Koltès queremos apenas apresentar este belo poema dramático, de estrutura narrativa pouco convencional, sem sequer ter uma história sequenciada, definida: cada cena representa um quadro em si, um encontro de Zucco com o Outro e ao fim e ao cabo, o individualismo persistente das personagens, a força do anonimato dos grupos sociais, o enorme silêncio em que vivemos encolhidos sobre nossos próprios umbigos, e que só revelamos quando protegidos no anonimato dos coletivos que excluem, oprimem e não escutam as vozes daqueles que não lhes são iguais.

  • Texto

    Bernard-Marie Koltès

  • Tradução

    Letícia Courà

  • Direção

    Renato Icarahy

  • Assistente de direção

    Victor Hugo Magalhães

  • Figurinos

    Verônica Fernandes

  • Cenário

    Fernanda Correia

  • Iluminação

    Wilson Reiz

  • Voz

    Rose Gonçalves

  • Direção de Movimento

    Sueli Guerra

  • Direção Musical

    Charles Kahn

  • Projeto gráfico

    Rita Ariani

  • Ilustração

    Amanda Bougleux

  • Fotografia

    Pablo Henriques

  • Direção de Produção

    Marcia Quarti

  • Assistentes de Produção

    André Julião

    Dayene Ruffo

X ROBERTO ZUCCO

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