Unidade CAL Glória
Espaço Sergio Britto
Pensando bem, eu sou meio deus. Quantas vidas eu já tirei?"
O cenário, a gafieira Flor de Obsessão. A trama, um clássico de Nelson Rodrigues. A montagem, uma tragédia carioca. Quando um lendário bicheiro é assassinado, um jornalista sensacionalista, Caveirinha, busca desvendar os segredos e a vida do criminoso entrevistando a ex-amante do bicheiro, Guigui. O repórter aproveita o ressentimento dela para obter informações que revelam a ambição, o poder e as paixões que cercavam a figura de Boca de Ouro.
A diretora Adriana Maia conduz a turma TEC.S por um espetáculo de formatura que mescla as tensões do texto original do anjo pornográfico, com o ritmo sedutor de uma gafieira, num ambiente de humor cáustico que propicia ao elenco a criação de personagens incensados.
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Com a palavra, a diretora.
“Nelson repetia sempre que seu teatro era uma meditação sobre o amor e sobre a morte. Em “Boca de Ouro” isso se evidencia assim como o poder sórdido da imprensa; o dinheiro como agente corruptor; a frustração humana e sua realidade medíocre e prosaica; a vingança como motor de comportamentos. A história do nosso “Drácula de Madureira” é recontada aqui pelos frequentadores da gafieira “Flor de Obsessão”. Os habitués da casa de samba conhecem a lenda que diz ser o primeiro berço de nosso herói, ou melhor, nosso anti-herói a pia de uma gafieira.
Como bem explica o psicanalista Hélio Pellegrino, amigo inseparável de Nelson Rodrigues:
Boca de Ouro, frente a essa angústia existencial básica, escolheu o caminho da violência e do ressentimento para superá-la. Ele, excremento da mãe, desprezando-se na sua enorme inermidade de rejeitado, incapaz de curar-se dessa ferida inaugural, pretendeu a transmutação das fezes em ouro, isto é, da sua própria humilhação e fraqueza em força e potência.
É desse lugar que o bicheiro poderoso da Zona Norte carioca atravessa sua existência – uma aventura apocalíptica – tornando-se um contraventor, um facínora, um sobrevivente dentro de um cotidiano perigoso e violento.
(...)
É o gosto sádico do dramaturgo que mostra a miséria total do personagem. Ou quem sabe, a nossa própria miséria…”
Adriana Maia
Direção
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Adriana Maia
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Rita Ariani
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